segunda-feira, 18 de abril de 2011

Pentecostes não é Babel







Miguel Levy
Para nós cristãos, creio que um dos acontecimentos mais importantes na história da igreja foi a decida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, fato narrado no livro de Atos, capítulo dois. Muitos fatos estavam se desenvolvendo naquele evento, até então, rotineiro para aquelas pessoas, mas sem dúvida não podemos ignorar a forma espetacular usada por Deus para marcar esse evento.
A profecia de Joel estava se cumprindo publicamente e de forma incontestável. A descida do Espírito Santo sobre toda a carne foi um fenômeno visível e audível. O escritor narra que todos ouviram um som como de um forte vento, e que línguas, como de fogo pousaram sobre cada um dos presentes, e como se não bastasse, cheios do Espírito Santo, passaram a falar em línguas desconhecidas por eles mas conhecidas pelos estrangeiros. Cada um falava das grandezas de Deus de forma que os visitantes pudessem entender (At 2:11). Isso foi obra do Espírito de Deus marcando sua primeira manifestação pública.
Daí para frente a igreja tomou o rumo que deveria. Tivemos o primeiro grande discurso, proferido por Pedro que resultou em uma decisão em massa, onde três mil aceitaram o evangelho de Cristo. O Espírito Santo, agora em todos, passou a operar na vida dos apóstolos de forma sobrenatural.
Voltando um pouco para o capítulo dois, quero chamar atenção a um fato que para mim foi muito importante. O dia de Pentecostes ficou marcado pelo derramamento do Espírito Santo, que mais tarde foi inspiração para o movimento Pentecostal, característico de denominações que dão ênfase as manifestações do Espírito Santo. Tais manifestações foram caracterizadas principalmente pelo falar em outras línguas, e por uma certa condição de euforia que levou os presentes a dizerem que os irmãos recém batizados na época estavam embriagados.
O fato que desejo destacar encontra-se no verso onze do capítulo dois: “...tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?  O Espírito Santo habilitou as pessoas para dar testemunho de Deus em línguas estranhas para elas mas conhecida dos estrangeiros. O Pentecostes deu início a um mover do Espírito Santo de Deus no sentido de revelar e comunicar Deus, os seus interesses e o seu Reino de forma legível a todas as pessoas, que naquele dia representavam várias nações e povos diferentes e nem por isso saíram sem ter um testemunho claro de Deus.
O Deus que é espírito sempre desejou ser revelado ao homem de forma natural, para se fazer entender. Por isso enviou o Espírito Santo, Consolador, AJUDADOR, para que uma vez habitando no homem pudesse habilitá-lo (ungir) para anunciar, de forma legível, boas novas aos quebrantados, a chegada do seu Reino através de Jesus. O Espírito Santo veio para facilitar, viabilizar a pregação do evangelho na terra.
Infelizmente, há quem confunda Pentecostes com Babel (Gen 11), onde as pessoas foram levadas a falar em línguas diferentes com o objetivo de não se entenderem. Usam o Espírito Santo unicamente para edificação própria (1Co14) e não atentam para o nosso principal objetivo como igreja que é pregar o evangelho, anunciar o Reino de Deus a toda criatura. Focados unicamente nos efeitos da manifestação do Espírito Santo vemos a busca pelos sintomas do mover do Espírito Santo e não pelas habilidades sobrenaturais que podemos receber do Espírito Santo para alcançar os objetivos de Deus na terra. Há quem busque o Espírito Santo apenas para se embriagar.
Em Isaías 61 vemos que a unção do espírito tem um propósito prático e produtivo para o Reino de Deus: “O Espírito do Senhor Deus esta sobre mim, porque o Senhor me ungiu para...” Comunicar, expressar, conduzir, alcançar. Naturalizar o espiritual, revelar os segredos, traduzir o indecifrável, interpretar o mistério oculto dos séculos e gerações, Cristo em nós, a esperança da glória. Creio que essa habilidade deve ser buscada para elaborar sermões, canções, qualquer tipo de comunicação voltadada alcançar vidas.
Por isso, louvo a Deus pelo seu Santo Espírito derramado sobre nós que veio habitar em nós e trazer convencimento ao homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16), trazendo esclarecimento, revelação, centralidade e paz. Feliz, em saber que definitivamente ser pentecostal é ter capacidade sobrenatural dada pelo Espírito Santo para comunicar o amor de Deus aos homens mais inalcançáveis e ignorantes sobre o Reino de Deus. Muito feliz pela certeza de que Pentecostes não é Babel.
 

2 comentários:

Anônimo disse...

Nos dias de hoje, é muito difícil encontrar pessoas que falem de Pentecoste sem derramar uma cólera em defesa de pensamentos favoráveis ou contra a possibilidade desse mover acontecer ou não ainda hoje. O que sei é que para tudo há um propósito respaldado, firmado, fundamentado no Amor de Deus e que não importa os nossos planos, esse propósito há de se cumprir com intenções de refletirmos a Cristo, pois só assim haverá a esperança da Glória. Em lares desfeitos, Cristo em nós a esperança da glória, em meio a conflitos, Cristo em nós a esperança da Glória... canela de fogo ou não, Cristo em nós a esperança da Glória. Abraços!!! Guga.

HUDSON TAYLOR disse...

Irmão Levy parabéns pelo inspirado artigo. Isso vem de encontro ao que penso sobre esse assunto. Vejo muitos movimentos nas igrejas que distancia a igreja do seu propósito, muito embora as encha de membros. eu disse membros e não discípulos do Senhor. Desejamos o sobrenatural de Deus, mas entendemos que somente a comunicação do Evangelho é capaz de libertar vidas da perdição eterna.

Pr. Hudson Taylor