sábado, 23 de fevereiro de 2008

O FILHO QUE FICOU



Em Lucas 15, encontramos uma das mais conhecidas parábolas contadas por Jesus, a parábola do FILHO PRÓDIGO, aquele rapaz que resolveu sair da casa do pai. Jesus se utilizava desses recursos para se fazer entender de forma mais simples quando falava do reino de Deus.
Nessa parábola vemos que o pai se viu diante de um grande problema. O filho que saiu de casa. Contudo, no desfecho dessa estória, todos ficam felizes quando o filho volta pra casa. Arrependido, disposto apenas a merecer o perdão do pai que com a volta do filho perdido teria seus problemas terminados. Mas não foi bem assim que aconteceu. Não foi por acaso que Jesus citou o comportamento de outro personagem. O filho mais velho. O filho que ficou, que não saiu de casa, que não abandonou o pai, o que fez tudo certinho.
A Bíblia relata que esse rapaz quando chegou do trabalho e viu uma festa em casa, ficou um pouco chateado, para não dizer com raiva mesmo, com o comportamento do pai que estava fazendo uma festa para o filho que voltou para casa.

A indignação daquele rapaz foi tanta, ao ponde de ele se recusar a entrar em casa. Nesse momento podemos imaginar a situação daquele pai que por alguns momentos acreditava que tinha resolvido um problema e já se deparava com outro igualmente complicado. Uma hora ele tinha um filho fora, longe de casa. Agora tinha outro filho perto, mas sem querer entrar em casa.
Muitos, assim como aquele filho mais velho tem o mesmo comportamento. Se sentem desconsiderados em relação ao pai e se negam a entrar em casa e participar da festa que alegam não ser para eles.
Aquele jovem se indignou por nunca ter utilizado sequer um cabrito para festejar com seus amigos, apesar de todo o serviço que prestava ao pai durante toda a sua vida. Esse comportamento só demonstra uma coisa. ELE NÃO TINHA A MENOR CONSCIÊNCIA DE SER FILHO. A relação que ele tinha com o pai não era de pai e filho e sim de empregado e patrão. Isso é muito perigoso. Deus nos chamou para sermos feitos seus filhos. Ele nos deu o poder de sermos seus filhos (João 1:12).
Essa consciência de pai e filho deve ser recíproca para que o relacionamento não seja prejudicado. Nessa parábola o pai respondeu ao filho que tudo o que ele tinha era também dele, do filho (Luc 15:31), que não precisava fazer nada para merecer um cabrito ou qualquer outra coisa que fosse do pai. Essa consciência nós podemos ver em Jesus, quando orava ao Pai em João 17:10. O que é teu é meu.
Devemos descansar nessa verdade. Somos filhos de Deus e não podemos fazer nada mais para mudar essa condição. Não podemos ser mais filhos ou menos filhos. Muitas vezes nos recusamos a participar das bênçãos que já foram dadas a nós. Muitas vezes resolvemos, por qualquer outro motivo alheio a vontade do Pai, a entrar em sua casa, sentar na mesa e participar de tudo o que ele tem preparado para nós. Achamos que não somos dignos por algum motivo.
Não sei se pior do que estar longe de casa é não querer entrar em casa. Muitos não participam das bênçãos de Deus por ignorância, falta de conhecimento do dom de Deus, a esses precisamos levar a luz e apresentar a salvação através do evangelho. Contudo, bem perto de nós existem muitos que nunca saíram de perto do pai, nunca se abandonaram o pai, que nunca deixaram de servir o pai, contudo, muitas vezes se recusam a ter comunhão com o pai. A esses, precisamos trazer a memória quem eles são para que reassumam a sua posição de filhos.
Há uma situação muito perigosa que nós, cristãos, podemos nos encontrar, que eu considero pior do que a dos que saem do nosso convívio e se lançam no mundo. São aqueles que estão perto, por isso não inspiram cuidado, mas estão indignados e não desfrutam da vida que o pai preparou para eles. Estão perto mas não tem comunhão. São chamados de filhos mas se consideram empregados. Tem direito a tudo mas desfrutam de nada. Alimentados por uma influência do mal, se sentem enciumados ao ver tanto investimento e atenção dispensados aos novos convertidos, e nada se faz por eles. É o sentimento característico do filho mais velho que se sente esquecido ao chegar um bebê mais novo em casa. Nós como pais devemos ter cuidado com os filhos mais velhos para que eles entendam que nunca deixaram e nem deixarão de ser filhos.

O meu conselho para os filhos é que procurem entender que não há nada que os faça deixar de ser filhos. Independente do que você faça ou vier a fazer haverá sempre um pai, que nunca deixará de ser pai esperando um filho que partiu, e procurando um filho que não quer entrar em casa para que todos entrem e participem do seu banquete, porque todos continuam sendo filhos. O filho que partiu e o filho que ficou.

Miguel Levy

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