quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

SE ENTREGAR A DEUS



Na semana passada me surpreendí, se é que ainda me surpreendo com alguma coisa, com uma reportagem realizada na Índia, de onde podemos esperar qualquer coisa, onde um homem aparecia com o braço direito levantado há 12 anos, e ao ser questionado da razão pela qual mantinha esse sacrifício o Naga-baba, como são chamados os discípulos de Shiva, respondeu prontamente que decidira entregar o seu braço para Deus e desde então o levantou e não o usou mais para qualquer coisa. O braço era de Deus. Eu fiquei imaginando o que Deus faria com aquele braço cada vez mais atrofiado, ou como alguém nessa condição poderia de alguma forma contribuir para a expansão do reino de Deus na terra.

Não há como buscar outra referência para termos como exemplo de sacrifício em nome de Deus se não no maior representante de Deus na terra, Jesus, que viveu totalmente motivado em anunciar o reino de Deus e dessa forma alcançar cada coração com sua mensagem. O homem que da maneira mais plena e simples soube expressar o sentido da expressão SE ENTREGAR A DEUS.

Creio que há um engano quando pensamos que Deus de alguma forma se agrada ou busca em nós algum tipo de sacrifício que não produza vida e benção para outras pessoas. As palavras de Jesus quando se referiu a sua missão nunca foram no sentido de incentivar-nos ao isolamento ou inoperância. A espiritualidade que julgamos ser elevada a medida que ficamos mais próximos de Deus não é medida pelo distanciamento das pessoas ou da realidade que vivemos. Vemos na Bíblia que quanto mais o homem se envolvia e se aproximava do plano de Deus para sua vida mais ele se envolvia com o universo que o cerca e dessa forma se tornava possível exercer o seu ministério, o seu serviço. Santidade não é isolamento, é relacionamento.

Se entregar a Deus não consiste em entrar em estado de inoperância. Se dedicar a Deus não consiste em isolamento do mundo. Nos três anos do ministério de Jesus na terra ele atuou incessantemente, sem férias buscando alcançar o maior número de pessoas cumprindo a profecia de Isaías 61 que afirmava que ele fora ungido para muitas finalidades e todas elas relacionadas ou direcionadas a gente. Todas elas envolviam movimento em direção ao propósito de Deus. Seus braços se moviam para abraçar os aflitos, levantar os caídos, suas pernas o levavam a todos os lugares, sua voz, totalmente entregue a Deus, era ouvida até no inferno de onde resgatou a sua igreja triunfante. Todo o seu corpo e toda a sua vida ele entregou a Deus para ser usado por Deus. Jesus era acessível, disponível e sempre pronto a servir.

A grande oferta que podemos oferecer a Deus é o nosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável (Rom 12). Jesus disse: quem deseja me seguir, negue a sí mesmo, que não significa se inutilizar e sim se disponibilizar totalmente para Deus; tome a sua cruz e siga-me, ou seja, venha caminhar comigo, fazer o que eu faço.

Quando enviou os seus discípulos, Jesus disse: curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios (Mat 10). Deus precisa do nosso sacrifício vivo para cumprir os seus propósitos. Uma oferta perfeita. Um instrumento útil.

Não consigo ver corpos atrofiados voluntariamente sendo canal de bênção para tantos que precisam ser alcançados pelo amor do Pai. Braços ressecados e corpos debilitados não podem ir ao encontro de vidas que se perdem sem Deus. Deus não nos chamou para sermos alvo da curiosidade humana, ou algum tipo de atração turística. Ele nos chamou para darmos frutos. Para sermos sua melhor expressão e representação visível na terra.

Se entregar a Deus é se disponibilizar completamente em oferta a ele. Sem sugerir como poderia ser usado, mas deixando que a sua vontade prevaleça mesmo que no resplendor de nossa juventude, no auge de nossa carreira nos deparemos com uma cruz e após uma momentânea tentação, venhamos a dizer que se faça a tua vontade em minha vida. O melhor de mim esta em tuas mãos. Isso é SE ENTREGAR A DEUS.



Miguel Levy