quinta-feira, 24 de março de 2011

Wolverine X Jesus


O que é mais fácil de viver. O espetacular ou o sobrenatural? Nossa vida cristã pode ser conduzida por esses caminhos. Muitos buscam viver o espetacular, o extraordinário. A idéia de que Jesus veio a terra fazer coisas mirabolantes e extraordinárias tem sido a tônica de muitos que buscam no espetáculo a continuidade e divulgação do evangelho. Na incansável luta por atrair cada vez um número maior de pessoas foi criado um caminho perigoso que conduz as pessoas ao espetacular mundo do evangelho prodigioso, onde tudo pode acontecer incluindo fenômenos até bizarros e exatamente por isso juntam sempre um grande número de espectadores. As pessoas não são atraídas por Jesus, mas sim pelos acontecimentos extraordinários como curas performáticas e sessões de exorcismo cinematográficas.

Creio que é uma forma equivocada de mostrar o amor de Deus ao homem. É fato que Jesus exerceu o seu ministério com demonstração do poder de Deus que operava nele, contudo, Jesus nunca se utilizou de seu poder em realizar milagres como isca para aglomerar multidões. O seu foco sempre esteve em anunciar o reio de Deus ao homem, que até o momento só via em Deus um ser poderoso que o livrava dos inimigos e dava garantia de vida na terra. Alguns fatos espetaculares aconteceram até então. Atravessar o Mar Vermelho, colunas de fogo no deserto, chuva de aves do céu, a queda das muralhas de Jericó. Podemos considerar que vários acontecimentos extraordinários e espetaculares foram presenciados por um povo que precisava voltar a sua atenção para Deus. Agora, Jesus veio mostrar de uma maneira mais madura o propósito de Deus para o homem, que já apresentado a esse Deus deveria viver não em função de espetáculos mas de forma sobrenatural.

Viver o natural, ser humano, continuar sendo gente parece ser o grande desafio de muitos cristãos que buscam a cada dia uma forma extraordinária de se apresentar ou de apresentar Deus. O exemplo de Jesus é a maior prova de como Deus deseja que vivamos. Não havia alteração em sua aparência, em seu porte físico, em sua forma de se locomover. Ele poderia facilmente ser confundido na multidão. Era um homem natural que vivia de forma sobrenatural, ou seja, diante das mesmas circunstâncias ele respondia diferente, mesmo sendo humano como todos nós.

A capacidade de reação de Jesus demonstrava que ele não veio para dar espetáculo mas para naturalizar o espiritual. Ele poderia ter se desenvolvido mais rápido do que qualquer pessoa, assim como vemos nos filmes, para se tornar logo adulto. Mas isso não aconteceu, ele passou por todas as etapas da infância e juventude. Venceu como homem cada desafio, porém sem se corromper. Nada de porções mágicas ou rituais secretos. Apenas viveu o que o Pai o orientou. Se alimentou de obediência (Joa 4) como qualquer um de nós pode fazer.

Dessa forma os que o seguiam o faziam por acreditar na viabilidade do que ele ensinava. Não o seguiam apenas para ver mais um espetáculo de milagres e proezas. Jesus ensinou a sua vida aos seus discípulos, nos deu poder e autoridade e nos comissionou a fazer as mesmas coisas. Viver de forma sobrenatural.

Seria muito mais fácil conseguir admiradores se sua vida fosse extraordinariamente espetacular. Fico imaginando se Jesus fosse como o Wolverine, da série X-MAN. Poderes de se regenerar a cada ferimento, estrutura física indestrutível. Durante todo o processo que antecedeu a sua morte na cruz teríamos resultados bem diferentes. Imaginem quantas tentativas de cravar uma coroa de espinhos em um crânio impenetrável. Pensem na fila de carrascos se revesando para aplicar um castigo em Jesus enquanto suas costas se regeneravam a cada chicotada levando a exaustão os seus algozes. Ou mesmo como conseguiriam pregá-lo com cravos de ferro que se contorciam diante da resistência de seus músculos até que o próprio Jesus, para cumprir as escrituras se auto destruía para salvar a humanidade. Seria um grande espetáculo. Contudo, nada disso aconteceu. Jesus viveu como homem natural cada um daqueles momentos e sentiu cada infortúnio e dor a ele causado. Sua pele rasgou de verdade, o sangue não era cenográfico, sua vida fugia de seu corpo a cada ataque que sofria. Ele viveu de forma sobrenatural todos os momento da sua vida até a sua morte na cruz.

É dessa forma que devemos buscar viver o evangelho. De forma sobrenatural. A maneira de Deus para superarmos nossos desafios diários. Continuando como humanos sujeitos a todas as tentações mas aprendendo a não ceder. Podendo gritar de dor, mas não blasfemar. Tendo momentos de tristeza, angústia, mas sem se deixar vencer. Lamentando perdas, mas seguindo em frente.

Esse é o grande desafio. Vencer como homem. Aí esta o mérito de Jesus ao nos mostrar que é possível viver o sobrenatural de Deus aqui como homens sem precisar ser super-heróis. Por isso entre Wolverine e Jesus... eu sou mais Jesus.

Miguel Levy



terça-feira, 8 de março de 2011

Reavivamento




Após um período de carnaval, o que mais podemos encontrar nas igrejas são pessoas que saíram para um retiro espiritual buscando avivamento, ou reavivamento espiritual e, graças a Deus, muitos voltam testemunhando de terem vivido uma nova experiência com Deus através do Espírito Santo. Isso tudo é muito válido. Evidencia a imensa sede e fome de Deus que leva as pessoas a buscarem caminhos que possam satisfazer essa necessidade.
O que queremos alertar é que avivamento não é um fato isolado. Uma espécie de fenômeno milagroso que como um raio, cai sobre alguém e atua fulminantemente em sua vida.  Avivamento é um processo, e deve ser visto como uma etapa dentro do contexto de crescimento e amadurecimento da vida que Deus estabeleceu para uma pessoa, um povo, um pequeno grupo ou uma congregação.
Avivamento espiritual, obviamente, deve ser um evento espiritual e essa natureza define sua longevidade. Operações realizadas pela alma e pelo espírito podem provocar resultados parecidos, contudo a diferença esta no quanto dura o efeito de tais operações. As operações realizadas através da alma visam exclusivamente resultados emocionais através, muitas vezes, de manipulações psicológicas onde as pessoas são levadas a reagir de forma orquestrada dentro de uma atmosfera construída de forma a deixar as pessoas susceptíveis ao que for apresentado como verdade. Muitos consideram tais operações como reavivamento, mas o que vemos é que periodicamente há necessidade de realizar o mesmo tipo de operação pois parece que o efeito alcançado foi acabando e se faz necessário uma recarga. Todo o entusiasmo parece desaparecer logo todos estão antes. Apagados e mais uma vez sedentos partem em busca de mais um evento “reavivador”. O grande perigo desse tipo de operação é que logo um caminho é traçado e uma trilha é aberta para ser seguida e reproduzida quantas vezes for necessário para se chegar ao mesmo lugar, e nesse caso, me refiro ao mesmo lugar de fato, uma espécie de volta a um lugar onde já estivemos antes.
A explicação para esse fenômeno é simples. A alma vivente não pode promover vida a outros. Em 1 Coríntios 15:45 vemos Paulo mencionar que o primeiro Adão torou-se alma vivente e o segundo Adão (Cristo), espírito vivificante. A alma tem vida em si mesma. O espírito não só é capaz de viver mas de promover vida aos outros. Por isso Jesus disse eu vim para que tenham vida abundante, ou seja, não apenas vida para vocês mas para dar a outros. Operações da alma tem data de validade a ser expirada e promovem satisfação individual sem poder de ser renovado, vivificados em si.

Por isso devemos buscar operações geradas e produzidas pelo espírito de Deus pois essas operações nos fazem avançar no caminho e sempre nos levam a um nível mais elevado diante do que Deus tem nos proposto. Quando nos referimos a reavivamento, concordo que a vida cristã deve ser uma vida de constante reavivamento. Romanos 12 mais uma vez surge gritando não fiquem conformados mas renovem suas mentes. Por isso creio que não devemos buscar movimentos de avivamento mas sim entrar no processo de REAVIVAMENTO em nossa vida.
Existem etapas a serem seguidas e vividas dentro desse processo de reavivamento em nossa vida. Tomando como exemplo a história de Jacó em Gênesis 35, podemos tirar algumas lições importantes desse processo.
O reavivamento vem para mudar o curso de uma vida. Inicia-se sempre com uma palavra de Deus. “Disse Deus a Jacó: levanta-se, sobe a Betel e habita ali...” Nada funciona ou é estabelecido de forma eterna sem que seja precedido pela Palavra de Deus determinando a sua vontade soberana, e é o lançar dessa palavra que estabelece o realizar da sua vontade entrar nesse processo é dar o primeiro passo para o sucesso em nossa vida. Hoje podemos chamar isso de um momento profético onde a vontade de Deus é revelada e acreditem, fugindo de qualquer tido de modismo, a melhor forma de conhecermos a vontade de Deus é através da sua Palavra, a palavra escrita é a forma mais direta e segura de ouvirmos a voz de Deus. Busque isso.
É preciso abandonar as coisas velhas. Após ouvir Deus falar, “disse Jacó à sua família e a todos os que com ele estavam: lançai fora os deuses estranhos que há no vosso meio, puruficai-vos e mudai as vossas vestes.” Uma atitude de fundamental importância para quem quer viver um verdadeiro avivamento em sua vida. É muito importante se livrar de tudo que vem colaborando para a vida que estamos querendo mudar. Se livrar de deuses estranhos consiste em jogar fora crenças e fundamentos que não estão em concordância com a palavra de Deus, para isso devemos nos limpar e mudar as vestes, a forma como nos apresentamos e como somos vistos. Vestes também são chamadas de hábitos, rotinas que nos identificam em função do que praticamos e vivemos. Conhecemos o trabalho e como pessoas atuam em função de suas vestes. Médicos, policiais, advogados, prostitutas. A forma como se vestem mostra o que fazem. Reavivamento envolve mudança de hábitos.
Há um caminho de obediência em todo o processo de reavivamento. Todos os da família de Jacó, do maio ao menor, entregaram os deuses estrangeiros que estavam entre eles, como podemos ver nos versos 3 e 4. É importante saber que essa obediência nos levará a viver os favores de Deus que fará o que for necessário para que alcancemos não os nossos objetivos, mas os que ele mesmo estabeleceu para nós (verso 5). Muitas vezes esperamos pela nossa liderança e não obedecemos o que nos cabe fazer dentro do processo de reavivamento. Experimentar momentos de êxtase em uma reunião não é garantia de mudança de vida. A mudança de vida é constatada nas nossas atitudes diárias. Uma vida de obediência e em unidade, buscando sempre estar na mesma visão que Deus mostrou.
Dentro desse processo as promessas de Deus são renovadas. Deus reafirma a Jacó o seu compromisso, mas não é uma repetição do que já falou mas sim o estabelecimento de uma aliança que ele, Jacó, passaria a viver de forma irreversível em sua vida. Deus mudou o seu nome (verso 10) para que Jacó, agora Israel, sempre soubesse que sua vida teria um novo significado.
Reavivamento vem acompanhado de uma nova revelação do caráter de Deus para a nossa vida (verso 11). Cada um de nós deve buscar essa experiência individual onde podemos testemunhar do mesmo Deus de uma forma bem peculiar e pessoal. O propósito de Deus para nossa vida é acompanhado de onde iremos fundamentar nossa fé nele para que saibamos que esse Deus que prometeu é perfeitamente capaz de garantir a promessa que fez. Por isso Deus se revelou para Jacó como um Deus Todo-Poderoso.
Reavivamento é o processo de Deus para nos fazer descobrir mais sobre ele e os seus propósitos para nossa vida. Deve ser sempre uma nova porta que nos fará entrar em mais uma etapa rumo ao alvo que esta diante de nós. Deve ser uma qualificação para que possamos enfrentar os desafios debaixo da bênção de Deus e com a convicção de que nossa vida mudou, nossa visão de Deus mudou, e que assim como aconteceu com Jacó, fomos reavivados para multiplicar, frutificar a bênção e a vida de Deus em nós.
Miguel Levy  

sábado, 5 de março de 2011

VOCÊ JÁ FALOU COM MORTO?


Imagino o que aconteceria se anunciássemos de forma bem destacada a todos quantos pudéssemos alcançar que podemos ficar livres do pecado. Como uma espécie de solução para esse mau que durante toda a história da humanidade tem incomodado a vida de muitos que, de uma forma ou de outra tem buscado um bom, ou pelo menos confortável, relacionamento com Deus, uma vez que o pecado é o elemento citado em todas as desavenças entre o homem e Deus. Mas antes de tudo, precisaríamos entender o que é pecado, e nesse ponto todos temos que concordar que há controvérsias e é aí que tudo fica instável e muitos se iludem com uma falsa sensação de justiça e outros se condenam com uma exagerada consciência de culpa.

Há quem relacione a idéia de pecado a uma lista. O que pode e o que não pode fazer. Essa é uma maneira muito simplória e limitada de tentar fazer com que outros não errem. Entendo que não há qualquer tipo de maldade nisso, desde que seja usada como um tipo de salva-vidas. Uma espécie de curativo até que se chegue ao hospital, onde todo o diagnóstico será definido e o tratamento estabelecido utilizando, principalmente, a consciência do paciente a respeito de sua doença e o que deverá fazer para ser curado. O que acredito que não faz sentido é mantermos a terapia dos curativos sem a busca pela solução definitiva. Na troca de curativos a lista muda e muitas vezes o que era pecado para o meu avô ou para o meu pai, hoje já não é mais. O rádio e a televisão já foram considerados itens responsáveis pela disciplina e exclusão de fieis do rol de membros das mesmas denominações que hoje disputam um horário nos rádios e canais de televisão, ou seja, o que liderava a lista de pecados agora tornou-se instrumento de bênção para levar pessoas ao céu. Não faz sentido. Quando Deus estabeleceu uma lista de coisa que o homem podia e não podia fazer, ele o fez em um período de imaturidade do homem, uma vez que a redenção pela graça salvadora não havia sido revelada. Era quase impossível para o homem naquela época entender a justiça de Deus assim como é muito difícil para uma criança no início da alfabetização entender números negativos ou fracionados. Por isso ensinamos primeiro o que é natural para o seu entendimento, números inteiros e positivos. Depois, com o passar do tempo vamos aos poucos introduzindo todos os elementos que compõem o conjunto de números reais (R) onde entendemos e aceitamos valores que sabemos que nunca iremos sequer ver representados em algum lugar. A Bíblia nos afirma que até Cristo o homem viveu uma espécie de menor idade para que a partir de Cristo pudesse viver e experimentar a plenitude da vontade de Deus para a sua vida, vivendo não pela lei, lista do que pode e do que não pode, mas pela fé, confiança no que não esta escrito mas crendo que é o melhor.

Em João 16 encontramos um trecho que diz que o Espírito Santo, o Consolador, convenceria o homem do pecado. E como seria esse convencimento? Mostrando que o homem estava vivendo sem crer em Deus, ou no seu filho. Parece que encontramos uma espécie de equação mãe de onde todas as listas podem ser geradas tentando definir pecado. Pecado é não crer em Deus. Mas calma. Crer em Deus não esta relacionado apenas ao fato de acreditar em sua existência, mas acreditar nele, em sua palavra. Nesse ponto tudo se completa. O grande pecado, o grande erro, a grande falha do homem é não acreditar em Deus. Todo o resto... podemos chamar de muitas coisas, inclusive frutos da carne, que compõem uma lista.

Por isso afirmamos que é simples ficar livre do pecado. Simples é diferente de fácil. O conceito é simples, o processo nem tanto, mas totalmente viável e gratificante. O apóstolo Paulo afirma que a redenção do homem veio promover a liberdade do domínio do pecado sobre nossa vida. Justificados, sem qualquer tipo de culpa ou dívida, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo por intermédio de quem tivemos acesso a graça que nos ensina a viver o que Deus quer que vivamos, e agora nós podemos uma vez que fomos mortos para o pecados e vivificados para Deus. A vontade de Deus agora faz sentido para todos nós. A legalidade da lei do pecado em nossa vida foi revogada na cruz. Com isso, o grande problema do homem e não se relacionar com Deus foi resolvido pois a cura foi apresentada. Podemos dizer com muita propriedade, o pecado não é mais problema, tem solução. Entendam que não afirmo que o pecado não existe, eu afirmo que você não precisa culpar o pecado pela sua vida longe de Deus que certamente levará você ao inferno. Continuo afirmando que podemos, sim, viver livres do pecado e dessa forma agradar a Deus. Para garantir isso fomos sepultados com Cristo no batismo, e da mesma forma fomos ressuscitados dos mortos com ele e por fé (Col 2).

Então, considerem-se, isso cabe a você, mortos para o pecado. Você já falou com um morto? O que ele respondeu? Nada? Como ele reagiu? Ignorou você? Da mesma forma deve acontecer quando o pecado falar com você. Ignore. Não responda. Acredite em Deus. Não peque. Viva para Deus em Cristo Jesus. Seguindo os conselhos do nosso irmão Paulo (o apóstolo), não obedeça às suas paixões, nem ofereça os membros do seu corpo ao pecado (não crer em Deus), como instrumento de iniqüidade, mas oferecei-vos a Deus, como você é, ressurreto entre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça (Rom 6:11-14).

Miguel Levy