sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

SANTIDADE É RELACIONAMENTO



SANTIDADE É RELACIONAMENTO

Santidade é uma palavra que geralmente impressiona e traz uma conotação bastante espiritual nas pessoas. Quando se fala de santidade é muito comum imaginar um tipo de relacionamento estreito com Deus, coisa que não é para muitos. É comum encontrarmos quem busque isolamento para se santificar, entendendo que sua purificação poderá ser comprometida com o contato com o mundo e as pessoas. Mas quem pode conseguir esse tipo de relação de santidade, até por que a Bíblia mesmo mostra que Deus exige santidade no seu relacionamento com os homens quando diz: “Eu sou o SENHOR, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus; portanto, vós sereis santos, porque eu sou santo.” (Lev 11:45), ou ainda quando lemos 1 Pedro 1:16: “sejam santos porque eu sou santo”. E a grande pergunta é: QUEM PODE ser santo para isso, ou o que podemos fazer para sermos santos e vivermos em santidade. Concluimos que essa não é uma questão recente pois o salmista já meditava sobre isso em sua época.
No Salmo 15:1-3 vemos o mesmo questionamento e suas conclusões.

“Senhor, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo monte? Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a verdade e não usa a língua para difamar...”.

Podemos esclarecer mais um pouco. Quem habitará no teu santuário? Ou seja, quem pode ser santo o suficiente para habitar com Deus? A resposta vem de imediato, diz que santo é aquele que é “íntegro em sua conduta e pratica o que é justo”. Meditando nessa primeira parte da resposta do salmista podemos constatar que essa atitude que caracteriza o santo não é praticada do homem para Deus e sim do homem para o homem. Aquele que “é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo” para outras pessoas, para os seus semelhantes. O texto diz que santo, o que pode habitar e ter relacionamento com Deus, que é santo, é aquele que “de coração fala a verdade e não usa a língua para difamar...”. Mais uma vez fica claro que não podemos mentir para Deus e nem difamá-lo. Isso nos deixa claro que esse procedimento do que busca santidade é mais uma vez voltado para outras pessoas.

Santidade é acima de tudo relacionamento. Quando se fala que santidade é SEPARAÇÃO não quer dizer que seja ISOLAMENTO. Muitos buscando relacionamento com Deus acabam se isolando das pessoas e isso é um erro. Deus, por ser santo, quando quis mostrar sua santidade não se isolou no confinamento de sua morada. Ele quis se relacionar com o homem, ele quis compartilhar a sua vida mostrando que poderia sim, ser santo, ser SEPARADO, do pecado, da injustiça, da mentira de tudo que poder corromper o caráter sem se ISOLAR do pecador, do injusto, do mentiroso, de nós. Em Filipenses 2 vemos o Deus se despindo, descendo da plataforma intocável de sua santidade para se ser homem, se relacionar com a humanidade no mundo sem deixar de ser santo.

O apóstolo Paulo falou bastante sobre relacionamento entre irmãos, ou seja, sobre santidade. Em Colossensses 3 nos aconselha a nos vestirmos de MISERICÓRDIA, BONDADE, HUMILDADE, DELICADEZA E PACIÊNCIA. Tudo isso só serve, só tem utilidade na vida de outras pessoas. Imaginem alguém buscar santidade exercendo misericórdia com Deus? Nem soa bem nos ouvidos. “Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente”, isso é processo de santidade. Isso é relacionamento. Não podemos buscar relacionamento com Deus mantendo nossos corações feridos.
Ao seu discípulo Timóteo, Paulo aconselhou a preservar as mãos santas e explicou que mãos santas são mãos sem IRA e sem CONTENDA (1 Tomoteo 2), e isso também é em relação a pessoas. Contender contra Deus puro devaneio.

Mas o fechamento que traz aos nossos ombros toda a nossa responsabilidade que temos em buscar a santidade, encontramos na carta aos Hebreus 12:14-15, quando diz: “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem SANTOS, sem SANTIDADE ninguém verá o Senhor”
V 15 – “cuide que ninguém se exclua da Graça de Deus; que nenhuma raiz de AMARGURA (ressentimento contra pessoas) brote e cause perturbação, contaminando muitos”.

Esforcem-se para viver em PAZ COM TODOS. Isso é muito simples e muito grande. A paz que devemos manter é com todos, e nesse caso não fala de próximo, uma vez que querendo, nós podemos gerenciar quem esta na nossa proximidade para ser nosso próximo. Mas a Bíblia fala paz com todos. O que mais dizer? Paz e Santidade. Se não formos santos e não vivermos em paz com TODOS, Ninguém vai ver Deus. Isso é muito sério.

Em colossenses 1, Paulo diz que Cristo é a revelação visível do Deus invisível e que esse mesmos Cristo é o primogênito da nova criação de Deus. Deus foi revelado ao mundo através de Cristo. Cristo expressando amor, perdão, misericórdia, compaixão e todos os atributos de quem Deus é, mostrou Deus ao mundo. O Deus invisível passou a ser visto pela expressão de Cristo as pessoas. Sendo Cristo o primeiro, nós somos a continuidade dessa geração responsável por revelar de forma visível Deus as pessoas no mundo, e nós podemos impedir que as pessoas vejam Deus. Deus só pode ser visto em nós se formos santos e vivermos em paz com todos.

Santidade não é uma questão de opção, é um caminho sem volta para todo cristão. Cada pessoa problemática que nos deparamos deve ser vista como uma grande oportunidade de expressarmos e revelarmos Deus ao mundo, contribuindo no aprimoramento de nossa santidade. Talvez aquele grande chato que ninguém suporta aquela persona non grata que todos evitam, seja tudo o que precisamos para sermos santos como Deus é.

Se alguém decide pela reclusão, pelo isolamento na busca pela santidade, mantendo estreita comunhão somente com Deus certamente o seu comportamento terá o mínimo de deslizes, não irá mentir, difamar, trair, manterá a paz com todos, no caso ele e Deus. Estará separado, não tem para quem revelar o Deus santo. O mérito da santidade não esta em não fazer por não poder e sim no poder e não fazer. Santo não é o que não briga com ninguém, mas sim o que até se ira, mas não peca e nunca deixa o sol se por sobre sua ira. O santo até ofende mas se retrata, é ofendido mas perdoa. Se permite correr o risco de errar mas não se nega a oportunidade de crescer no relacionamento e na comunhão uns com os outros, sendo enriquecido dentro do propósito divino para todos nós. Frutificar. Sendo santos como Deus é santo. Seja santo! Se misture!

Miguel Levy