domingo, 16 de março de 2008

A Igreja de Jesus



É comum a cada dia vermos anúncios de novas igrejas sendo abertas em todos os lugares. É o Reino de Deus que precisa ser expandido e estabelecido na Terra. Mas diante de tantas linhas de pensamento e doutrinas, vemos cada denominação defendendo uma bandeira própria, buscando convencer e se convencer de que estão certos em relação a ser a igreja de Jesus na terra.

Em Mateus 16:18-19 encontramos uma forte afirmação de Jesus: “... eu edificarei a MINHA IGREJA, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus”.
Todo o empenho e sacrifício de Jesus foi para estabelecer uma única igreja, o que ele mesmo chamou de a MINHA IGREJA. Esse fato foi consumado após a sua morte, quando foi resgatar essa igreja, até então aprisionada no inferno em função pecados do homem. Até então, a humanidade, que iria compor a igreja de Jesus, era prevalecida, contida, aprisionada pelas portas do inferno. Por isso Jesus afirmou, conhecendo o plano redentivo, que as portas do inferno não teriam poder de segurar mais aqueles que estavam aprisionados pelo pecado, uma vez que todos os pecados seriam perdoados na cruz. Ali nasceria a igreja de Jesus. “Aqueles que viviam em trevas viram grande luz”.
Essa igreja foi estabelecida por Jesus através de alto preço e sobre ela foi dado o poder e autoridade que estava sobre o próprio Jesus. As chaves do Reino de Deus, foram dadas a igreja. Sim, a igreja de Jesus é revestida de poder e autoridade dos céus aqui na terra. Essa igreja foi estabelecida para exercer esse poder e essa autoridade uma vez que a igreja é a representação do corpo de Cristo (Col 1:18).
Diante disso, podemos entender que só existe uma igreja de Jesus e sobre essa igreja as portas do inferno não prevaleceram e os poderes infernais não prevalecerão. Paulo escreveu aos Efésios (4:4-6) que “há somente um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos...” e nessa unidade Jesus espera que todos os que fazem parte dessa igreja possam viver e expressar aquilo que ele é.
Não ignoramos as diferenças culturais em cada um de nós fomos formados muitas vezes por grande parte da nossa vida, e sabemos que é essa cultura que nos aprisiona em fortalezas de sofismas que nos impedem de ter pleno conhecimento de Deus. Diante disso é comum haver entre nós diferenças e buscando o que é certo, cada um tenta defender sua própria idéia até mesmo em relação ao evangelho de Cristo. Essas diferenças que levam a discussões e até divisões não são totalmente prejudiciais, desde que haja maturidade cristã suficiente para que a verdade prevaleça. Isso acontecia na igreja de Corinto e Paulo advertiu sobre isso (1 Cor 11:19). A importância da renovação da mente (Rom 12:1) é de fundamental para o amadurecimento cristão. Temos que nos libertar da cultura do mundo e cada vez mais nos enxertarmos com o evangelho da cruz.
A visão de igreja deve permanecer conforme ela foi concebida pelo criador da idéia. É o tipo da coisa que não acompanha a evolução dos tempos. A melhor idéia ainda é a primeira, a primitiva. Aquela onde tudo era de todos, onde ninguém se considerava acima dos outros (Atos 4). Sempre que alguém pensa em abrir uma “nova igreja”, devemos nos preocupar no sentido de saber se está de acordo com o projeto inicial ou se é realmente uma inovação. Deus é fiel a sua palavra, aos seus planos, aos seus projetos. Nosso papel é o de cooperadores para dar continuidade ao que Jesus iniciou e que será aperfeiçoado por Ele. Muitas vezes vemos os papéis se invertendo onde os homens são os criadores das idéias e a Deus sobra o papel de colaborador, o “gênio da lâmpada” que tem poderes para viabilizar suas idéias e sonhos pessoais.
A Igreja como corpo de Cristo deve ser entendida como o próprio Jesus explicou o que é o seu corpo, o corpo de Cristo. Em Mateus 26:26 Jesus disse: “isto é o meu corpo”. Jesus disse isso dando aos discípulos um pedaço de pão, abençoado e partido. Assim é a Igreja, o corpo de Cristo (Col 1:18). São vários pedaços do mesmo pão. De um pão que não foi preservado para ficar inteiro, mas fio quebrado para cumprir o seu propósito. O propósito de dar vida. A busca dos próprios interesses não condiz com o sentimento cristão, nem quando se refere a igreja de Cristo, pois Ele mesmo não se preservou nem se poupou. Aqueles que defendem seus próprios interesses, e se juntam só para matar sua própria fome não participam da ceia do Senhor (1 Cor 11:20-21).
As igrejas abertas em nome de Jesus, devem ser representar os interesses de Jesus, somente. Devem estar prontas para serem quebradas, repartidas, pois só assim alimentarão as nações e serão agentes de salvação na terra. Só quem tem consciência e certeza de ser salvo, pode se entregar em oferta viva, santa e agradável a Deus para ser realmente oferta, como Cristo foi. Mesmo que isso implique em ser quebrado.
A igreja de Jesus, chamada Eclésia, não teme desafios, nem os de morte. Não se fecha entre quatro paredes para se proteger de ataques, mas é chamada a sair e se levantar como igreja triunfante, que morreu com Cristo mas que com ele também ressuscitou poderosamente, redimida e salva.
A igreja de Jesus foi inaugurada uma única vez e permanece sendo apenas uma. O que podemos fazer é expandir essa igreja na terra nos mantendo fieis aos seus princípios e fundamentos, sabendo que nessa igreja, a de Cristo, não há espaço para promoções pessoais, pois quem desejar algum destaque nessa igreja tem que superar o seu fundador, que pagou preço de sangue para resgatá-la diretamente do inferno.
A igreja de Jesus, não tem um templo. Ela é um templo não edificado por tijolos simétricos e regulares, mas é edificada com pedras vivas (1 Ped 2:5). Cada uma é de um jeito. Cada uma é de um forma diferente, mas que esse maravilhoso construtor sabe onde colocar cada um delas de forma que seja plenamente aproveitada sem mutilações, sem traumas e sem desperdícios.
A igreja de Jesus é plena em amor e manifesta esse amor em tudo o que faz. Pois é a expressão visível do Deus invisível ao mundo. É a forma de mostrar ao mundo o amor de Deus que é Deus.
Essa é a única igreja de Jesus.
Miguel Levy